domingo, 6 de setembro de 2009

Mesa redonda no Vozes de Mestres - CCBB Itinerante 2009 - São Luís do Maranhão



Eu, mais uma vez, me encantei na mesa redonda "Brasil; quem somos nós? E como chegamos a ser o que somos?", pelo Festival Internacional Vozes de Mestres - CCBB Itinerante 2009. Aqui, estamos em São Luís do Maranhão, desfrutando das presenças de Pai Euclides, Humberto de Maracanã, Pena Branca e Dércio Marques, que, a cada fala, a cada gesto, mostraram um Brasil que tem jeito e uma humanidade ainda possível, mesmo diante da aspereza que cerca os dias atuais.

Pai Euclides disse que para ele nós somos a natureza e a nossa missão no mundo é desenvolver o dom dado por Deus. "Cada um tem um dom. É um presente da natureza! É necessário aceitar e colocar em prática para que o mundo seja aquilo que queremos e sonhamos. Se todos, de fato, recebessem com consciência e firmeza o dom dado por Deus, a existência seria completa e o mundo talvez não estivesse passando por tamanhas turbulências", opinou.

Pai Euclides é babalorixá e diretor da Casa Fanti Ashanti, tradicional comunidade de São Luís do Maranhão, que trabalha há décadas para a preservação de manifestações culturais de matriz africana.

Foi uma alegria reencontrar Mestre Humberto de Maracanã. Dessa vez, enquanto ele contava algumas passagens da sua história de menino que enfrentou dura caminhada para chegar onde está hoje, fui percebendo como ele tem clareza de si mesmo, consciência absoluta de seu papel no mundo dos homens e, o que para mim é mais impresssionante, de sua missão no mundo de Deus.

Sua voz firme vai narrando cenas e transformando o drama em poesia e melodia, já que começou como compositor de samba. o samba do mingau é engraçadíssimo. Nele, Humberto narra com humor a falta de comida, uma triste companhia de muitos de seus dias, que ele rapidamente fez virar samba. Coisa de mestre...

Dércio Marques, dessa vez mais falante, nos disse que é preciso resguardar a criança dentro da gente. A saúde do mundo (e a nossa própria saúde dentro dele) depende da nossa capacidade de preservar a criança, a inocência, a pureza. "É necessário fazer a resistência, mesmo diante de tanta oferta de violência e maldade", desabafou.

Pena Branca nos traz a consciência de que o Brasil ainda é, graças a Deus, o sertão. É esse sertão, que insiste em continuar vivo, que segura a onda, que mantém a réstia de equilíbrio que nos resta.

Essa mesa em São Luís do Maranhão foi muito significativa, pois mostrou que, mesmo a despeito das distâncias continentais que nos separam, somos um povo que se assemelha na fé, na maneira como buscamos saídas para as questões que nos afligem. Mostrou que o povo antigo, os mestres, aqueles que já andaram no caminho continuam falando de Deus sem pudor...

VOZES DE MESTRES - SEMINÁRIO
O seminário "Brasil: quem somos nós? E como chegamos a ser o que somos...?" cria raro lugar para a voz dos mestres de ontem, hoje e amanhã, promovendo encontros e conexões não menos raras. Quanto mais vivemos, mais descobrimos que tudo nessa vida é herança. Diz a canção do mestre Gonzaguinha: "Toda pessoa sempre é marca das lições diárias de outras tantas pessoas". Hoje andarilho sedento, amanhã fonte que saciará a sede de muitos. Assim foi. Assim tem sido. Assim é a humanidade "desde que o mundo é mundo", como dizem os antigos. Os saberes vão passeando de mão em mão, de gente em gente, de geração em geração. Criar um espaço para ver o Brasil passar fervorosamente, sem parar, é o que nos levou a "inventar" essa oportunidade de ternura e troca tão necessárias para curar a infeliz aspereza dos dias atuais...

Déa Trancoso a serviço do Festival Internacional Vozes de Mestres - CCBB Itinerante 2009 . dia 29 de agosto de 2009, 19h, no Centro de Criatividade Odylo Costa Filho, Praia Grande, São Luís do Maranhão

FOTOS DIANA GANDRA

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Ele, o Guriatã!!!


A COROA AINDA EXISTE
O REI JANUÁRIO NÃO LEVOU
NÃO ESTÁ NO IGUAÍBA
NÃO ESTÁ NA MAIOBA
NÃO ESTÁ NA PINDOBA
NO RIBAMAR, PIOROU...
QUEM USA ELA É O GURIATÃ
ESTÁ NO MARACANÃ
QUE SÃO JOÃO ENTREGOU

(TOADA DE BOI, DE AUTORIA DO MESTRE HUMBERTO DE MARACANÃ)

Eu, de minha parte, das longas convivências com mestres de variadas escolas espirituais, ainda não tinha visto um com tamanha consciência e clareza de si mesmo, de seu papel no mundo de Deus e dos homens... Uma vida dura transformada em poesia, música, fé, trabalho e doação... É assim, segundo Goethe: "Deus dá aos seus escolhidos toda a tristeza do mundo e absolutamente também toda a alegria que existe no universo". É assim que "seu" Humberto de Maracanã existe! Doando ao mundo dos homens e de Deus o seu melhor. Mínguas transbordadas em abundância explícita!!! Sempre lá do Maracanã, em São Luís do Maranhão...
VIVA O BOI DE MARACANÃ!!!
VIVA SÃO JOÃO!!!
VIVA O MESTRE HUMBERTO E SUA HISTÓRIA TÃO BRASILEIRA!!!

FOTOS DIANA GANDRA

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Corpo e Voz em São Luis do Maranhão!!!








Minha gente, acabo de chegar de "San Luí do Mará", como diz Geraldinho Azevedo. Estava lá no Festival Internacional Vozes de Mestres, um dos patrocinados do CCBB Itinerante 2009. Que coisa bacana! Uma turma de lindas gentes; de profundas musicalidades... Trabalhamos, em primeiríssimo lugar, o medo do ridículo. Quando a gente perde o medo do ridículo, a gente canta e vive melhor. A gente olha ao redor e vê que tem um tanto de "outros". Não é a gente sozinho que constrói o mundo. É necessário tanta gente!!! São necessárias tantas flores para florir o jardim... Assim, a gente vai perdendo o medo do ridículo e a existência vai florescendo...

Foram três dias de pura emoção e suor. Polifonia, cantigas da cultura popular brasileira, especialmente do Vale do Jequitinhonha, minha terra natal. Percussão corporal, afinação, aquecimento, diafragma, equilíbrio, risos, silêncios, intenções, abraços e beijos...

Voltei muito feliz com a turma do Maranhão. Olha os depoimentos que recebi por e-mail, depois que cheguei em minha Minas Gerais:

"Oi Mestra Déa! Pode deixar que vou virar contato no Vozes de Mestres, tá? Quero te dizer que fazer sua oficina foi um desafio. Ainda sou uma pessoa muito resistente ao contato humano (na verdade, a me expor ao contato humano). A sua oficina foi o ponto de partida para o início de um processo de auto-conhecimento (uma busca interior mesmo), que, até então, estava relutante em começar. Resumindo em uma palavra, a sua oficina significou LIBERTAÇÃO para mim. Te agradeço e te desejo todas as bençãos de Cristo... Hoje e sempre. Beijos 1000...
Sandra Acioly"

"Muitas verdades foram enriquecidas e muitos valores, renovados. Da próxima vez tu não escapas, tens que lançar o TUM TUM TUM por aqui sim! Marapá! Façamos força juntos para que seja o mais breve...
Cuias de abraços pra ti!!!
Dicy Rocha"

"Oi, Déa! Experimentar sua companhia, ali, junto com todo mundo... Sua voz tão viva e tão cheia de luz trouxe uma energia muito especial para todos que vivenciaram a oficina e eu espero realmente que você não se demore. Volte logo! Vamos juntar esforços para que isso aconteça. Um cheiro grande!
Helyne Carvalho"

"Déaaaa, nós ficamos encantados com você. Tô ouvindo o TUM TUM TUM bem devagarinho. NA PAUSA... Degustando com calma todas as músicas. Por enquanto, as minhas preferidas são Beija-flor e Passarinho Pintadinho. Vamos manter contato para articular o seu retorno. Não sei se será possível pelo Laboratório de Mídias Livres, mas, se depender de mim, da Zina e da Luana (ela não esteve na oficina mas depois que ouviu o seu cd já é fã também), vai dar tudo certo.
Um beijo grande!!!
Danielle Moreira"

FOTOS DIANA GANDRA