È uma pena, mas não pude ir a Ouro Preto assistir TUM TUM TUM e rever-te!
Estou ainda além-mar e ainda as voltas com a engenharia.
Também estou às voltas com o vento. Este vento que continua sendo nem curto nem comprido vinha de noite e de dia vinha o vento meu amigo.
Adorei te ouvir aqui na net e queria te dar um presente já que me senti presenteada com a sua música.
Este presente significa também: congratulations!
È uma poesia que escrevi. O intento desta poesia è acordar quem dorme. Este è um acordar entre tantos acordares. Acordar e ver a mesquinharia que existe entre os homens. Quando falo isso penso especificamente na água. Para mim è inadmissível que haja ainda neste lindo planeta Terra pessoas que não tem um copo de água limpa para beber (divagações de primavera).
Pode até musicar se quiser e modificar se quiser (pra caber na música, hehe). Eu a estou dando-te de presente. Então, a partir de agora, esta poesia não è mais minha. Vai com Deus! Vai, vai, vai, vai!
Unha
Unha de bicho, unha de gente. Unha de bicho, unha de gente. Unha de fome! Passarinho ia voar! Passarinho vai voar! Não voou por uma unha. Unha de gente na unha do bicho. Passarinho ia voar! Passarinho vai voar! Oh homem, è só soltar. Solta! Oh passarinho, è só soltar. Salta! Passarinho já voou. Unha de bicho na unha do homem. Na boca do homem. Roeu duas unhas. Roeu tantas unhas. Unha de fome! Sobraram as unhas dos pés cheias de penas pousadas. Passarinho que voava.
Beijo-te com afeto, Jacqueline Cigana (mazzolajacqueline@hotmail.it)
Este é um espaço de andar nos caminhos de Dona Cultura Popular... O nome foi idéia do Leonardo Avelar lá de Montes Claros, norte de Minas, durante as "Festas de Agosto", 2008. Aqui é uma estalagem. Um lugar de "prestar atenção nas coisas e fazer um minuto de paz", como diz Beto Guedes. Um lugar de ativar a lembrança de si mesmo, de reaprender a olhar ao redor, de admirar as bonitezas da vida... BEM-VINDO!
CULTURA POPULAR PARA MIM é o jeito de fazer as coisas que o povo tem. E esse jeito, a meu ver, é sempre religioso. É uma forma de encarar a vida e o mundo que carrega em si o desejo, invariável e intrínseco, de se comunicar com o desconhecido e conviver com o divino. E não só com o incompreensível céu, mas, e ainda mais, com o mistério telúrico que somos nós mesmos, gente humana.
“O mastro é o centro do mundo”, me disse certa vez meu saudoso mestre, O Capitão dos Catopês de Bocaiúva, João do Lino Mar. Meditei a respeito dessa afirmação durante algum tempo e foi uma das coisas mais bonitas que já escutei. É claro! Para os devotos, o eixo do planeta é o lugar que eles elegeram para conversar com Deus. Ali, quando o mastros se levantam, avisam que mais uma vez a luz está presente na terra, através dos destacamentos do Grande Poder: Nossa Senhora do Rosário, São Benedito, Divino Espírito Santo, alguns dos legítimos representantes da Força Superior.
A Saudade do Futuro, de uma plenitude já experimentada, é patrimônio da humanidade. No entanto, talvez a maioria dos agrupamentos humanos modernos tenha se esquecido desse sentimento poderoso que abre o portal da “lembrança de si mesmo”, dá sentido ao que somos, ao que estamos, de fato, fazendo aqui, e nos aponta o caminho a seguir.
Os devotos, os sertanejos, o povo que tem fé, os mestres daqui, de lá, do mundo todo, estão bem acordados, sentindo, dançando, cantando, dando glórias ao Céu. E no momento em que os Catopês, a Folia, o Boi de Janeiro, o barro de Lira, de Ulysses, o canto das Lavadeiras, o Trono Coroado, a madeira de Zefa, a benzeção, a Marujada, os Caboclinhos e a beleza da cultura indígena passam diante de nossos olhos, até o mais agnóstico se sente pertencido. Seja estrangeiro, seja do lugar.
“Aquilo” fica impregnado dentro de nós. Parece que encontra moradia lá no fundo do coração. A gente se emociona e nem que seja por um lampejo de segundo aceita de maneira inequívoca o nosso lugar, o nosso papel e a nossa missão no mundo.
Esse é o poder e a vocação do que chamamos de cultura popular...
Um comentário:
Oi Dea!
È uma pena, mas não pude ir a Ouro Preto assistir TUM TUM TUM e rever-te!
Estou ainda além-mar e ainda as voltas com a engenharia.
Também estou às voltas com o vento. Este vento que continua sendo nem curto nem comprido vinha de noite e de dia vinha o vento meu amigo.
Adorei te ouvir aqui na net e queria te dar um presente já que me senti presenteada com a sua música.
Este presente significa também: congratulations!
È uma poesia que escrevi. O intento desta poesia è acordar quem dorme. Este è um acordar entre tantos acordares. Acordar e ver a mesquinharia que existe entre os homens. Quando falo isso penso especificamente na água. Para mim è inadmissível que haja ainda neste lindo planeta Terra pessoas que não tem um copo de água limpa para beber (divagações de primavera).
Pode até musicar se quiser e modificar se quiser (pra caber na música, hehe).
Eu a estou dando-te de presente. Então, a partir de agora, esta poesia não è mais minha.
Vai com Deus! Vai, vai, vai, vai!
Unha
Unha de bicho, unha de gente.
Unha de bicho, unha de gente.
Unha de fome!
Passarinho ia voar!
Passarinho vai voar!
Não voou por uma unha.
Unha de gente na unha do bicho.
Passarinho ia voar!
Passarinho vai voar!
Oh homem, è só soltar.
Solta!
Oh passarinho, è só soltar.
Salta!
Passarinho já voou.
Unha de bicho na unha do homem.
Na boca do homem.
Roeu duas unhas.
Roeu tantas unhas.
Unha de fome!
Sobraram as unhas dos pés cheias de penas pousadas.
Passarinho que voava.
Beijo-te com afeto,
Jacqueline Cigana (mazzolajacqueline@hotmail.it)
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